quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Resoluções


Andar descalça na areia molhada, sentindo o mar me molhar, salpicando gotas salgadas em mim, escrever uma, duas, três cartas, talvez mais.
Gritar de felicidade, quando estiver feliz, ao invés de me limitar a apenas uma risada, correr por aí, por mais que eu ache feio e estranho alguém correndo. Arregalar os olhos de surpresa muitas vezes, perder o fôlego de tanto rir e me preocupar menos ainda com o que vão pensar, porque se eu me preocupar, acabo é não fazendo nada.
Me sentir bem, talvez aprender mais sobre a paz interior que descobri ser tão importante nos últimos tempos e não deixar que a minha energia acabe nunca, sair por aí pulando e sacudindo os cabelos toda a vez que for possível, e rir de mim, mesmo me achando uma completa imbecil, mesmo sabendo que já cometi erros enormes.
Ter consciência de que vivi até aqui e que posso viver muito mais, que tenho muita coisa pra ver, pra sentir e descobrir. Não ter medo, nem quando estiver muito, muito escuro. E nem pensar em entregar os pontos que consegui.
E ser melhor do que sou hoje, ser mais forte, ser mais esforçada, escrever até em guardanapo usado de tanta criatividade. Ligar, ligar muito, sem me importar se vão me ligar ou não. Só me permitir fazer o que eu tiver vontade, e fazer de fato, se estiver com vontade.
Ouvir muito, sorrir muito, dançar que nem a louca espalhafatosa de sempre, me revelar. Não perder a pureza tão corrompida e nem a confusão, porque esses dois detalhes me caíram nas graças e eu carrego uma enorme simpatia por eles, mesmo eles não sendo assim tão bons para quem vê de fora.
Sentir saudade, porque saudade é boa quando não machuca, arriscar muito mais, talvez errar vez ou outra, pra deixar de ser otária, recordar aquele monte de velharias que nem são tão velhas, mas que são preciosas. Não me esquecer (de que?), mas também não me lembrar tanto.
Me contentar, andar e andar, até cansar e cansar muito, porque cansar é melhor que não cansar, movimento é melhor do que estar parada e eu quero muito movimento, não importa pra onde.
Quero acertar e também quero me irritar, brigar se necessário, pelo que é meu, ou pelo que deveria ser, correr atrás da minha felicidade que eu havia esquecido em alguma curva que eu fiz ou alguma esquina que eu virei, não sei bem, mas que eu voltei pra buscar e que agora eu carrego comigo e quero carregar em cada minuto.
Respirar e a cada respiração sentir a vida, me sentir viva e rir até as bochechas doerem, até perder o fôlego, correr, falar rápido, não perder um só segundo e fazer cada um deles valer a pena. Se gostar, gostou, agora eu tô indo e daqui a pouco eu volto.
Vai ser assim, vai ser melhor, eu sei que vai.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Desejos



Os carrego junto à meu peito, como num abraço. Perto de mim sempre, para poder sentir seu pulsar, quase como meu coração, quase junto com ele.
Os acalento como faria com uma criança adormecida em sono profundo e tranquilo. Canto baixinho para eles, querendo que se encham cada dia mais de sonhos, para assim, quando acordarem, sentirem-se motivados à ir de encontro com a realização.
Admiro o brilho tremeluzente e hipnotizante que possuem, o encanto que carregam e o poder que todos eles têm de me tirar do chão, de me levar pra longe, de me despertar uma ansiedade e uma expectativa enormes. Sinto que quando fecho os olhos e me concentro, quase posso tocá-los com as pontas dos meus dedos, sorrindo tal qual criança satisfeita.
Levo comigo os mais belos desejos e os mais brilhantes. Os mais coloridos e os mais cheios de paz e de doçura que consegui criar. Carrego cada possibilidade que faz os meus olhos brilharem, ando ao lado dos sonhos que mais fazem bem à minha alma.
E os carrego com firmeza, certa de que chegarei em algum lugar, os carrego comigo, apertando bem forte, dando asas à alguns de vez em quando, assistindo suas asas de papel se abrirem com o vento.
Posso vê-los ao meu redor, como borboletas voando levemente sob o sol e sorrio serenamente a todos eles, toda vez que os vendo voar, me dou conta de que ninguém pode tirá-los de mim.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Diálogo mudo

- Eu não posso mais. - ele disse então, virado para a janela e com um longo suspiro, virou-se e sentou de frente para a garota, com a mesa e a xícara de café entre os dois.
Ela o encarou profundamente e naquele segundo, odiou cada fio de cabelo desalinhado dele. Odiou os dentes ligeiramente amarelados pelo cigarro e todas as partículas que faziam seus olhos brilharem daquela forma. Não um ódio mortal, de quem odeia um inimigo. Odiava na verdade, o fato de não poder fazer o que queria naquele momento, que era chorar e tremendo, pedir pra ele não ir, com ares de mulher frágil.
Não estava surpresa, verdade. Esperara aquelas palavras desde o primeiro contato, desde o primeiro olhar entrecruzado que tiveram. Talvez não exatamente aquelas palavras, mas aquele sentido.
Foi como uma frase: ela sabia que havia o ponto final assim que começou o parágrafo.
Ouviu o suspiro dele a sua frente e novamente encarou seus olhos atentos, voltando à realidade por alguns milésimos de segundo. Esperava que ele fosse retirar o que disse, desculpar-se do que tinha dito e fazer oito dúzias de promessas furadas, que ambos sabiam que não teria nenhum valor, mas que só pelo fato de serem feitas já tinham algum significado e eram um indício de futuro juntos. Sacudiu a cabeça consternada e com um meio sorriso lembrou-se de estar tratando com o crápula mais frio que tivera a oportunidade de conhecer. Ele nunca diria aquele tipo de palavras. Ao menos não a ela, em sua simples existência, em seus trajes tão mundanos e seu rosto tão exótico e ao mesmo tempo sem nenhum significado pra ele.
- Ok - disse ela simplesmente, enquanto segurava a xícara ainda quente com as duas mãos e a erguia à altura dos olhos, olhando para ele distraídamente, enquanto sua mente pensava em mais vinte e quatro mil e quinhentas palavras que queria dizer - não vou te impedir, nem me comportar como criança. Vê se me liga, tá?
Dizendo isso, levantou-se de sua cadeira lentamente. Não deixou oportunidade para nenhum adeus propriamente dito, mas não olhou para trás porque seria sinal de fraqueza e ela sabia muito bem que fraquejaria.
Mal sabiam eles...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fogo Aberto

Tinha tudo aquilo que queria. Sempre.
Quando não por esforço próprio, com um sorriso doce. Não havia quem resistisse ao seu olhar intrigante.
Era vista como perfeita por todos que a conheciam um pouco mais: sabia conversar sobre qualquer assunto, tinha um senso de humor que conseguia envolver qualquer um. Seu sorriso iluminava o ambiente, sua risada fazia qualquer um querer rir junto. Carregava o reflexo do sol em seu olhar.
Beleza resplandecente não fazia parte de suas posses, mas com o tempo, todos ficavam com a impressão de que sim.
Sua voz embalava, seu jeito de andar perturbava. Sua inocência misturada com enorme malícia deixava dúvidas de qual era sua real intenção e isso instigava qualquer ser vivente.
Acabava por seduzir sem querer e fingia não entender o porque. Era assim por natureza: havia nascido com aqueles truques e talvez com eles morreria.
Internamente, ela sabia que toda aquela perfeição que lhe atribuíam não lhe era digna. Aparentemente não tinha defeitos, era verdade. Seu defeito era muito mais significativo, mas aparentemente, muito bem guardado.
Tinha o coração gelado, empedrado, enegrecido pelas marcas de queimaduras de um fogo que um dia ardeu intensamente e a dominou, mas apagou. Queimou lentamente no começo e depois a consumiu com tamanha força que quase a matara, sobretudo quando ela foi obrigada a sorrir e dizer que estava bem, que iria sobreviver.
Daí sumiu, extinguiu de repente, não lhe deu satisfações e a deixou daquele jeito, amavél com todos, amada por todos, mas com medo de amar qualquer um.
Tudo o que sabia é que de repente se viu obrigada a viver com aquilo, porque ninguém a ensinou qual era a melhor maneira de lidar com aquele coração, não havia manual de instruções e muito menos regras.
Estava aprendendo, e sobretudo descobrindo sua maneira de lidar com suas marcas profundas, sozinha, adquiria sua força vital sabe-se lá de onde, mas persistia. Era bela com seu jeito e com seus olhos, teria sempre o mundo a seus pés, mas não sabia até quando carregaria aquele medo em suas mãos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Desapego


Novamente, acordei como se não tivesse parado de pensar por um segundo sequer enquanto dormia, sentindo a mente cansada, e pior: sem encontrar uma saída satisfatória, apenas portas de fuga que não me levavam a lugar nenhum.
Andei por aí mais uma vez, sem rumo, sem conversa, sem sorrir e dessas últimas vezes, sem nem mesmo lembrar.
E os meus passos me diziam que não estava acontecendo nada, enquanto minha consciência pedia baixinho pra eu voltar.
Não era nada, mas eu estava queimando cada carta que antes foi uma jogada tão bem planejada.
Não era nada, e eu rasgava com as mãos crispadas e trêmulas de raiva cada vestígio seu, cada foto que não tiramos era arremessada ao vento.
Não era nada, mas a cada momento de desespero se denunciava um pouco mais, enquanto cada memória sobre você ia assumindo um tom de sépia. Envelhecidas.
Sabia o que era agora, sentia a presença dele, estava encostado no batente da porta, nem de um lado, nem de outro. O desapego observava a minha raiva se esvair em lágrimas, para então me levantar, pegar a minha mão e dizer que era hora de deixar tudo pra trás.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Carta de localização


Ei, você! Eu nem sei seu nome direito, nem sei se algum dia me dei ao trabalho de perguntar. Se te perguntei, infelizmente não me dei ao trabalho de guardá-lo.
Acho melhor você sentar. Não me estranhe, na verdade eu só quero te perguntar uma coisa: O que diabos você fez até agora?
Não se ofenda, mas eu tenho que te dizer isso: Você passa a mim a impressão de que não vive. Não, não desse jeito, eu sei que vive. Mas piscar, andar e respirar no meu conceito não é o suficiente. Não quando você aparenta fazer essas coisas para um ser, e deixa a certeza de que esse ser não é você.
Dedica a sua vida única e exclusivamente para agradar outra pessoa, se vê obrigada a mudar o que você é e o que costuma fazer para continuar a agradar e chora rios quando não consegue.
Você se reconhece quando se olha no espelho ou a sua forma e a sua aparência te passam despercebidos a você? Te dá gosto viver dessa forma, tendo que se justificar por você e pelos outros? Isso te soa como o quê? Amor não é. Carinho também não. Não é, porque você não recebe nada do que faz em troca, não é recíproco.
Sério, eu me recusaria a isso. Cadê a tua auto piedade? Eu nem pergunto sobre amor próprio e auto estima, porque sei que você desconhece. Não te deram tempo de descobrir o que é isso, te dominaram muito antes. Você acabou conhecendo coisas que eram supostamente muito mais prazerosas antes disso e agora tá aí: quando não está feliz por completo, apanha que nem boi ladrão e não sabe nem ao menos se defender direito.
Desconhece paz interior, e se conhece, não deveria. Porque eu posso afirmar que te enganam. Constantemente.
O escuro te dá medo? Dá, eu sei que sim. Sente medo de te largarem, de virarem as costas e te deixarem ao relento e esse medo acontece porque você sabe que se ficar só, vai ficar sem defesa porque nunca te deixaram andar com as próprias pernas. Não adianta, não vai encontrar segurança em si e você sabe que não.
Talvez agora já seja tarde, ninguém mandou você se acomodar, ninguém mandou você ser imbecil a ponto anular a sua vida para se doar inteiramente a outro alguém, que nem é certeza que será por você.
Infelizmente, ninguém te ensinou que orgulho é algo que se conserva em um frasco em um lugar seguro e não um artefato para ser completamente descartado de sua vida.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

mais importante

As tarefas aumentando, as pendências afiadas cutucando os ombros, a típica afobação de fim de ano, para correr atrás do prejuízo antes que seja tarde.
Essa pressa toda, multiplicada em cem vezes, acaba nos cegando, e deixamos passar um fato importante: o de que estamos passando por cima dos dias, sem notá-los verdadeiramente, sem podermos tirar proveito das coisas que nos acontecem.
Esquecemos de esperar o toque mágico que o fim de ano nos trás, aquele sentimento de carinho pelos dias de um ano que acabou moldando-se a nós e que está a um passo de acabar, a expectativa de dias novos, de incertezas e de surpresas. Das cores e cheiros que pertencem exclusivamente a essa época do ano.
Esquecemos de sentir a vontade de desejos novos, de visões novas.
Final de ano sim, mas não final de vida: Ainda dá tempo de fazer tudo tranquilamente, ainda dá tempo de planejar outra vida, de desenhar sonhos completamente diferentes. Ainda dá para recuperar o brilho nos olhos, para desejar felicidade ao mundo, para tomar coragem, para desejar um abraço. Não é tarde para rever os conceitos, para encontrar coragem ou esperança, nem para respirar bem fundo e criar um meio de recomeçar, mesmo que o ano esteja para acabar.
Não é tarde para correr atrás de nossa felicidade. O que vale é a vontade, e não o tempo.

Pauta para o Tudo de Blog da Capricho: "O ano está acabando, mas ainda dá tempo para..."

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Asas brilhantes

Você tem luz.
Isso, você não leu errado: nesse momento você está irradiando luz, mesmo sem ter consciência disso.
Luz não é coisa só de estrela, de sol ou de lâmpada fria, acesa sobre a sua cabeça para clarear o ambiente.
Sua luz é muito melhor do que isso.
Ela é única e exclusivamente sua, porque ela te ilumina, te guia e faz parte do que você é, fazendo você ser quem é.
Por que a sua luz está tão fraca agora? Por que você está tão inconsciente da presença dela? Você não entende? Sua luz só vai brilhar quando você quiser, ela só vai brilhar se você quiser.
Por que você se segura tanto? Por que impede de deixa-la fluir?
Irradie toda a sua luz nesse exato momento, deixe ela assumir a forma de asas brilhantes, permita-se sentir essa luz agora mesmo e garanta que o dia de hoje tenha o brilho que merece ter, mesmo que já tenha passado da metade, mesmo que já esteja no final. Isso pode garantir a luz de amanhã, de sempre.
Sua luz é vermelha, verde, azul, roxa? Muda de cor com frequência? Sinta! Ela é a sua alma, é seu universo. É você, e quem você é agora, é sua confiança e é quem você pode ser. Ela é o brilho da sua alma refletido nos seus olhos, é a força que eles passam ao mundo.
Apenas acredite na luz que você carrega, e quando isso acontecer, nada vai te segurar, ninguém vai te impedir de rir e nenhum horizonte estará longe demais.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obs.

Geente, pelo amor

não pensem que eu morri, ou que fui abduzida por saturnianos ensandecidos.
Eu só ando CHEIA de coisas pra fazer, responsabilidades e obrigações.

Mas juuro, não esqueço de ninguém daqui, e volto em breve :D

Por favor, não me esqueçam e nem me deixem.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Doce acalanto


Sente-se sozinha agora?
Não minta para mim, criança, eu sei que está sentindo-se péssima, sei que se sente mais reduzida ainda quando se põe a procurar alguém e não acha.
Eu te digo agora: não te quero mal, e estarei com você, meu doce. Porém preciso lhe fazer forte, quero teus olhos brilhantes de novo.
Informo-lhe que não é tua culpa. Também não dos que escolheste para serem próximos e no final das contas te deixarem. É culpa da vida, que prega-te peças bem arquitetadas, que testa a tua vontade de progresso.
Se estás só agora, anjo, não estarás mais daqui a pouco e tua solidão agoniante cairá no esquecimento, só voltando quando todos se forem novamente, porque irão.
Não teime comigo, insisto que não é sua culpa. És deste jeito, e para todos deixa claro, desde as primeiras palavras que dás, desde os primeiros olhares.
Não é falta de carinho, de atenção ou de te importar com os outros, sei bem que tudo isso te importa. É falta de costume. De reciprocidade também.
Fique onde está, criança. Teus passos serão guiados, assim como as tuas idéias e o teu sorriso, basta permanecer confiante. Mantenha teus sonhos embalados em nuvens brancas e não te jogues ao abandono, que tua estrela há de brilhar cada dia mais.

sábado, 25 de outubro de 2008

Estática




Outro dia perdido, outro dia que se passou e eu
estou aqui.
A cidade se move,
as coisas passam diante dos meus olhos, em constante mudança
enquanto eu sinto que assisto tudo
como mera espectadora, uma triste participante disso tudo
que as vezes sequer lembra seu nome.

domingo, 19 de outubro de 2008

Ao Vento

Cumprir promessas nunca foi o meu forte, ainda mais quando elas são feitas a mim mesma. Não é por mal, sou distraída e acabo esquecendo-as. Também não sou muito supersticiosa, não vejo mal em gatinhos pretos e já perdi as contas de quantas vezes passei por debaixo de escadas.
Sendo assim, o mais aceitável seria que eu abominasse as resoluções de ano novo, mas como eu sou uma pessoa contraditória, esse é um dos únicos costumes que mantenho fixo.
Apesar de todos os anos eu jurar que não vou mais manter o hábito de escrever os meus desejos em um papel que eu sei que vai acabar esquecido em um canto, acabo me contradizendo e sempre me pego escrevendo o que gostaria de realizar.
É uma bobeira que venho trazendo comigo há alguns anos, com algumas mudanças pequenas: ano passado, guardei na carteira e no ano anterior joguei meus desejos no mar, como há tempos desejava. Não adiantou muito e eu continuo esquecendo de cumprir muitas promessas.
Até o presente momento, não estava muito confiante de minhas metas, mas essa energia de fim de ano começa a surgir e o desejo de ver as coisas mudando é maior do que eu. Então, já me decidi: Esse ano, jogarei as minhas promessas ao vento.

Pauta para o Tudo de Blog, da Capricho: "Promessa de fim de ano cola?"

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

perdoar e... esquecer?

Desde pequena, aprendi que perdoar aquele meu coleguinha que jogou minha boneca pelo muro era muito importante, pois fazia de mim uma pessoa boa. Perdoei quem ficou com as minhas coisas, perdoei quem me magoou profundamente com palavras. Me fazia bem, eu esquecia superficialmente da mágoa e ficava num estado próximo à paz.
Apenas próximo, porque após algum tempo, eu pude notar que apesar de perdoar todos os que haviam me prejudicado de alguma forma, eu nunca pude esquecer de fato os episódios ocorridos. Aquela boneca linda voando por cima do muro e caindo no limbo foi um trauma de infância, assim como os "apelidos carinhosos" que me deram no colégio.
Aquela regra de "perdoar e esquecer" é grande demais para mim. Perdoar, eu perdoo. Mas como tudo tem um limite, chegar a esquecer tudo o que me fizeram e tudo o que me foi dito e feito, só se eu fosse uma idiota de marca maior, pois foram esses traumas de infância e esses erros não esquecidos que fizeram de mim o que eu sou hoje.

Pauta para o Tudo de Blog da Capricho "perdão tem limite?"

domingo, 5 de outubro de 2008

Comilança

Chego em casa e como. Mal saio de casa e sinto fome.
Copo de refrigerante, restos de pizza, pratos com migalhas de pão e farelos de biscoito fazem parte da realidade da minha mesa do computador. Indícios de que como sem parar, já que quando estou em casa, passo a maior parte do tempo na frente do computador.
Vivo comendo, como porque estou triste, como (demais) na TPM, mas como principalmente porque sinto fome.
Sou magra e não gosto muito de alguns dos meus ossinhos aparentes, por isso passei a comer um pouco mais em uma época da minha vida. Não funcionou. Passei a comer só nos devidos horários, o que também não funcionou, porque eu sentia fome durante os intervalos e acabava comendo. Como me encher de comida não deu certo, eu desisti.
Passei a comer na hora que me desse vontade, mesmo que significasse comer depois do almoço, ou que eu tivesse que levantar as duas da manhã porque meu estômago estava roncando.
Encontrei minha "satisfação alimentar" desse modo, sem muitas regras, sem rotina, comendo o que tenho vontade sem me preocupar com a quantidade de calorias que estou ingerindo. Com isso, passei a me aceitar da forma que sou, com os meus ossos aparentes, com a minha magreza de ruim que eu sou, com o fato de ter menos curvas do que gostaria.
Vou engordar quando tiver que engordar, e enquanto isso, estarei vivendo numa boa, feliz com o meu peso e com as minhas manias.


Pauta para a sessão Tudo de Blog da Capricho: "Calorias."

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Significados

Eu caminhei inúmeras vezes por aquelas ruas.
Vi as mesmas luzes acendendo e apagando tantas vezes que chegaria ao final da minha vida e não teria alcançado o número certo.
Respirei o ar de pelo menos quatrocentas e oitenta e sete manhãs, sentei e esperei a hora passar, senti a grama nas minhas mãos, olhei para o céu estrelado, esperei involuntariamente durante o inverno aquelas manhãs em que o sol batia na parede da sala e senti dores latentes por ter corrido demais.
Tudo isso passou por mim inúmeras vezes. Só agora consegui me dar conta de que passaram. Só agora me dei conta de que as deixei passar por mim como se fossem parte de um ciclo vicioso, como se fossem meras figurantes em minha vida.
Em tempo, abri os olhos para todas essas coisas as quais estavam passando por mim como cenas aceleradas, borradas, tamanha a rapidez. Pude perceber que fui me deixando anestesiar pelo passar dos minutos, pela pressa que me cegava e pela obsessão insistente de que o dia simplesmente acabasse.
Sei que ainda há alguém aqui, sei que a minha música não pára. Agora, quando ando depressa, tenho o prazer de sentir o meu coração acelerar e bater contra o meu peito e fazer escândalo depois que eu desacelero. Posso sentir as dores que aparecem, desagradáveis, mas que servem para lembrar-me que estou viva. Até mesmo sentir uma lágrima escorrer pelo meu rosto tem lá o seu encanto. Em determinado momento do meu dia, paro e posso admirar durante alguns segundos o sol se pondo e tingindo o céu de vermelho e a espera por ele iluminar a parede da sala não é assim tão involuntária.
Cada dia pode ser como um recomeço,
e eu ainda posso ser salva.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

De causas e buscas

Sempre fui de discutir pelos meus direitos, de questionar algo que não julgava correto quando todos abaixavam a cabeça e apenas aceitavam. Por isso, acabei levando fama de rebelde sem causa, acreditando por um longo tempo, que eu de fato o era e por isso não buscando algo porque brigar, apenas me defendendo quando achava que precisava.
Ainda assim, por um longo tempo, me vi apagada, vivendo na sombra de várias pessoas, sendo motivo de risos, sentindo o gosto amargo de uma infelicidade que eu sabia não me pertencer, encolhida em um canto, até que cansei, pois sabia que aquilo não era meu: abri as minhas asas, e fugi para longe, fui buscar o que era meu por direito.
Passei a notar que se eu quero algo, eu tenho que procurar, porque ninguém se dispõe a fazer conquistas pelos outros. Se eu não faço nada por mim, ninguém fará, se eu não buscar o meu sorriso, chorarei rios para sempre. Pude observar o tamanho da satisfação de ganhar uma causa por mim, de não ficar calada e notar que esse é justamente o medo de quem eu tenho medo.
Notei principalmente que buscar os meus objetivos é o que me faz bem e que se eu dou um sorriso, faço o meu mundo melhor, permitindo que o mundo das pessoas ao meu redor seja melhor, como uma corrente.
Declaro agora, depois de longos anos, que descobri não ser uma rebelde sem causa: minha causa é buscar a minha felicidade.

Pauta para o Tudo de Blog, da Capricho: "Qual a sua bandeira?"

domingo, 7 de setembro de 2008

autobiografia chuvosa


Lembre-se de mim enquanto chove lá fora. Lembre-se de mim com as gotas sonoras no telhado, porque eu sou a chuva e quando você pensa em mim, você se confunde e não consegue pensar em mais nada.
Lembre-se de mim como lembra da chuva: o conforto dos cobertores, uma tarde tranquila, um carinho, um alívio para a alma. Das gotas que refrescam nos dias de calor, nas risadas sem sentido, do desacelerar dos passos, uma vez que já se está todo molhado, dos medos escoando com a água.
Lembre-se da minha risada, do meu sussurrar, dos nossos passos estalando com a água, mesmo que não estejamos juntos, Lembre-se de uma brincadeira sem sentido que eu fiz, ou de alguma frase que eu disse, que nem eu mesma lembro mais.
Ouça o trovão ali perto e ouça também a minha voz como um fantasma, te dizendo que é besteira. Quando o som vier de longe, fraco e quase imperceptível, ouça-me dizendo que doeu.
Que a chuva me leve até você, como traz você para mim em certos momentos. Um pingo de calma, um de tortura e outros tantos de saudade (da tua voz, do jeito, do corredor...)
Que os raios te despertem a vida, te incentivem a prosseguir, que rapidamente discordem com seu pensamento e que representem aquele lampejo no meu olhar.

sábado, 30 de agosto de 2008

Piratas modernos


Século 21, era digital, mp4, mp5, fones no ouvido quando temos oportunidade... Era de se esperar que a qualquer momento alguém inventasse de colocar as músicas do artista favorito para que todos ouvissem e comprassem seus CD's.
Pode ter funcionado dessa forma no começo, mas a coisa foi descambando. Não que seja muito surpreendente: com os preços de CD's e DVD's cada dia mais absurdos e em contrapartida a internet banda larga cada dia mais acessível, é óbvio que todos vão optar pelo recurso mais vantajoso.
Não é correto, e todo mundo sabe. Mas quem nunca sentiu dó de comprar aquela raridade, com o preço lá nas alturas, sabendo que quando chegar em casa, pode ter acesso a ela com apenas alguns cliques? Eu faço, o meu vizinho faz, você faz, não adianta querer dar uma de correto. Se você não tem como baixar, pede pro seu amigo, e por aí vai.
Pirataria é crime? Sim, quando a pessoa usa do trabalho dos outros para lucrar. Nós só queremos ouvir música, muitas que nem chegam ao nosso país, por não terem caído no gosto do povão. Proibir não é solução, já que na internet se fecha um link em um minuto e no outro já apareceram outros cinco.
E se mesmo assim resolverem capturar os "baixadores de música da internet", prevejo uma nação engaiolada.

Pauta para o Tudo de Blog da Capricho: "Baixar filmes e cd's na internet deve ser proibido?"

domingo, 24 de agosto de 2008

De circunstâncias.



Ontem eu comecei a entender o que eu sentia.
Sinto dizer que hoje não entendo mais nada.
Não é culpa minha, já que estou presa em uma trama de reviravoltas: hoje está bem, amanhã é um outro dia e tudo pode mudar. E também não te culpo. Você faz parte dessa trama assim como eu.
Só não posso deixar de acreditar que se estamos em algo assim, é porque juntos nos metemos nessa, por nos deixarmos ser conduzidos pelos nossos jogos, por chegarmos em um canto. Por nos deixarmos envolver, apesar da consciência de que é só isso. O que quero dizer é que nem eu nem você temos culpa, mas ambos somos culpados.
Eu só queria te dizer que quando eu acho que poderíamos ser imbatíveis juntos, eu digo com toda a minha certeza, mesmo que cinco minutos depois toda essa história mude e recomece de um jeito diferente.

domingo, 17 de agosto de 2008

Sobre o leite derramado

Quantas vezes fazemos alguma coisa e pouco tempo depois nos sentimos arrependidos?
Nos arrependemos de dizer o que não deveríamos, de não podermos voltar atrás e fazer de outro jeito, de não termos falado, de ficarmos assistindo a vida passar, boquiabertos, quando deveríamos estar vivendo e só depois vamos perceber o tempo que perdemos parados.
Não que o arrependimento seja ruim, em certos casos, ele serve para nos mostrar que mudamos, crescemos e que cada decisão futura poderá ser melhor que as passadas.
Mas por muitas vezes, não é assim que encaramos o arrependimento. Nos preocupamos mais em nos torturar com nossas escolhas do passado, em nos xingarmos por termos sido inconsequentes e por termos feito ontem o contrário do que faríamos hoje.
Gastamos muito tempo exigindo demais de nós mesmos, choramingando sobre o leite derramado, esperando que ele magicamente volte para a garrafa. Perdemos tempo chorando, tempo que poderíamos estar sorrindo, reclamando por algo que de qualquer forma já foi feito, e por pior que seja, não tem condições de ser desfeito.
O que nunca paramos para pensar, é que se não tivéssemos feito de um jeito, teríamos feito de outro e teríamos achado um jeito de nos criticar.
Nem sempre acertamos, e quanto antes aceitarmos isso, mais cedo seremos felizes com o que somos de verdade, aceitando as escolhas que fazemos, aceitando que elas fazem parte de nós, assim como os nossos erros.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sem rédeas


A independência está em mim, presente no meu dia a partir do momento que eu abro os olhos. As vezes eu não a noto, porque ela acaba perdendo um pouco do seu sentido quando aparecem situações que necessitam ser compartilhadas, mas sei que todos os dias quando eu acordo, ela me dá a oportunidade de escolher quem eu serei, e nunca reclama das minhas decisões.
Eu não dependo de ninguém para escolher se serei doce, se vou de dourado, sou livre para rir alto quando estou me sentindo bem e para dizer quando algo não me agrada, sem medo.
Sou independente pra sentir a liberdade, quando ela resolve aparecer: decidir o que eu quero pra minha vida em três minutos, montar e desmontar planos como se fossem peças de um brinquedo, ouvir o mar, cantar a minha música ou fechar o guarda-chuva e sentir a chuva forte.
Mais do que isso, não preciso de ninguém para escolher o meu caminho nem para mudar quantas vezes eu considerar necessário, sem sentir um pingo de arrependimento por isso.
Minha independência consisteem saber que a minha vida está em minhas mãos e que eu sou inteiramente responsável pelas minhas escolhas e pelos meus erros, quando os faço. E mais do que isso, consiste na consciência de que por muitas vezes nesses caminhos que eu escolhi por conta própria, eu vou precisar das pessoas, vou descobrir que precisarei de algumas para viver, e dependerei de outras para sobreviver.

Texto para a seção Tudo de Blog da Capricho - "o que é independência para você?"

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

juntos e sozinhos


Quanto àquela velha história... eu detesto ter que dizer, mas o tempo é quem vai cuidar disso agora. Não crio muitas expectativas, já que você tem a mesma mania cretina que eu, a de esperar as pessoas virem até você. Não posso falar que é uma mania sem fundamento e de extremo orgulho, porque eu automaticamente estaria me criticando. Mas enquanto eu vou para um lugar, você está indo para outro, não muito diferente, mas ao mesmo tempo distante. E sobre a distância, até onde eu posso imaginar, ela vai aumentar bastante, já que eu por enquanto estou procurando meu rumo e não vou voltar pra casa tão cedo. Agora é manter aquela pontinha pequena de vontade quase apagada, fraquinha mesmo, de que você sinta a minha falta, de que tenha medo de que eu mude demais e me torne uma estranha aos seus olhos. Aquela vontade de que você se sinta mal por não ter falado, por ter escolhido errado,que sinta falta dos meus conselhos, da minha presença... Se sentir metade do que eu cheguei a sentir certas noites escuras, enquanto notava que eu deveria fazer algo, enquanto me dava conta de que não deveria estar pensando nisso novamente, enquanto eu me odiava por estar apenas me movendo em círculos, enquanto estava observando o movimento com os olhos parados e a mente longe da realidade, vendo cenas que nunca me pertenceram. Se sentir metade do que eu senti naquelas horas, eu já me darei por satisfeita. Pode dizer que eu espero pouco disso, mas eu não posso exigir mais de algo que precisa ser renovado, algo que já tenha me surpreendido por durar tanto tempo, muito mais do que eu imaginei que fosse resistir e que mesmo assim, seja incerto e com histórias tão irritantemente atraentes.

domingo, 27 de julho de 2008

Noturno II


Eu tento escrever, mas as palavras decidiram se estagnar nesses últimos dias.
Meus sonhos têm se mostrado de papel, daqueles bem frágeis e ameaçam se desfazer com a mínima garoa (ainda não se desfizeram?). Por onde quer que eu ande, o som ecoante dos meus passos me lembram a todo instante de que estou só.
Os pensamentos vem, vão e voam, sem se deixarem prender. Sou incapaz de segurar um deles, eles são curtos, arredios e na maioria do tempo, não fazem sentido.
Essa letra é de alguém que não sou eu. Eu deveria acreditar que o que eu tive foi um progresso, mas não consigo me fazer satisfeita com essa idéia, não sei por quê.
O tique-taque do relógio passa a ser um grito, que bate incessantemente nas quatro paredes do quarto escuro e vazio. Quer me dizer algo, mas não consegue se expressar. Eu já não quero ouvir, minha existência nesse momento se resume apenas a sentir a distância de toda e qualquer coisa, a encarar o teto como se ele fosse me oferecer alguma resposta e a aceitar que mais uma vez, a noite vai fazer questão de me apresentar cada segundo detalhadamente.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Fuga artificial


Olhos arregalados, respiração rasa e difícil, medo intenso de alguma coisa dar errado. Mesmo assim, eles arriscam. E estão dispostos a correr o risco com a esperança de que suas vidas conturbadas ou mesmo arrasadas fiquem pra trás. Tudo pra sumir por alguns segundos, tudo pra sentir o corpo entorpecido, sentir que nada os atinge e que finalmente estão conseguindo se distanciar daquilo que os assusta tanto.
Esse é o maior desejo de quem usa drogas para fugir de algum problema que é grande demais pra ser encarado. O desejo de que com alguma sorte não voltem para o lugar em que se encontravam antes de se drogar, o desejo de ver alguma mudança em suas vidas.
Nada disso vai funcionar, muitos têm consciencia. Mas a mente está tão cansada de sofrer as agressões e o corpo tão estafado de resistir sempre, que qualquer porcaria que os carregue pra outros céus é extremamente sedutor.
E assim fogem, pra bem longe, com os olhos vagos. Cinco minutos ou menos, sabendo que esse não é o melhor caminho, com medo, e desejando ficar longe de uma "bad trip".

Pauta para a sessão Tudo de Blog da Capricho. "por que as pessoas usam drogas?"

sábado, 19 de julho de 2008

Sobre a vida e os anjos

Quando nascemos, ninguém nos avisa que a vida é fácil, nós vamos aprendendo esse tipo de coisa quando caímos da bicicleta e ralamos o joelho, quando não podemos comer o bolo antes do jantar, quando a prova veio com um zerão vermelho, quando nos metemos em uma enrascada sem tamanho e quando a responsabilidade passa a ser inteiramente nossa. Se soubéssemos dessas dificuldades, muitos de nós escolheríamos nem nascer. Mas não é assim, não pedimos pra nascer, mas nascemos e ponto. Somos obrigados a andar, a escrever, a saber, e principalmente a encarar a vida de peito aberto, de uma maneira ou de outra. É difícil, mas não impossível, porque no nosso caminho vão surgindo pouco a pouco, seres iluminados, mágicos, obras de algo que sem dúvida é divino. E esses seres acabam, mesmo que involuntariamente, nos abrindo caminhos, nos ensinando a ver a vida com outros olhos, a ver cor nas coisas que sem eles, com certeza seria em escala de cinza.
Esses anjos sem asas nos mostram que sozinhos somos fortes, mas que juntos somos imbatíveis e juntos dividimos nossas experiências e acabamos criando um enorme instinto de proteção. Com o tempo, nos tornamos companheiros de travessura, de tristeza e te guerra, nossos gostos e manias acabam se fundindo, acabam se confundindo. Em certas vezes, as palavras se tornam dispensáveis e os olhares são como longos diálogos. As brigas são inevitáveis, mas a fraternidade também acaba sendo. Temos certeza de que veremos esses rostos na nossa frente, quando os olhos não conseguirem se abrir direito, seja por riso incontrolável ou por lágrimas de tristeza. Os momentos divertidos são ótimos com eles, assim como quando gastamos infinitos minutos sem fazer nada, apenas presentes, apenas juntos.
Que a amizade não seja destruída nunca, que mude, pois é necessário, mas que não perca a pureza e a sinceridade de ser o que é. Que não nos afastemos nunca, que não nos deixemos esquecer todas as coisas que passamos juntos, que os nossos corações estejam sempre unidos e sempre próximos, mesmo se algo chamado tempo se aliar a algo chamado distância, pois anjos são onipresentes, mesmo os que não têm asas.

Não tenho medo, estou com vocês. Sempre.

Pauta para o Site da Capricho, e post em homenagem ao dia do amigo (20 de julho).


terça-feira, 15 de julho de 2008

de boas vibrações

Desejo a você uma noite clara, quente, calma e cheia de estrelas e amigos por perto para poder conversar.
Desejo que você tenha bons momentos junto de alguém e que a felicidade venha a você, plena, intensa e na sua mais pura forma
.
Desejo que você não controle o riso e que ria com vontade. Que possa se divertir sempre que quiser, sem ter que fazer muito esforço. Desejo que você nunca envelheça , que permaneça jovem, inconsequente e que sempre que puder atenda aquelas vontades loucas que vem de Deus-sabe-onde.
Desejo que o seu coração nunca enferruje, por mais que tome baldes de água fria, que sempre haja coragem pra outra aventura.
Desejo realmente que você esqueça dos seus medos e que decida arriscar tudo vez ou outra, que possa se livrar de suas pressões e que tome consciência de que por cinco minutos você pode se distanciar de todas as suas responsabilidades e ter um bom momento.
Desejo também que você se lembre de olhar pro alto e ver as nuvens e ver os desenhoe que elas formam, que não meça esforços para se fazer feliz. Que você corra pela grama, que ria até a barriga doer e que tenha diversas oportuidades de ver o sol nascer.
Que quando falar, fale com a alma, que saiba brincar e que não quebre muitos corações. Que ande com cuidado e que tenha muitas histórias pra contar. Desejo que não esqueça, que use de inteligência, que seja espontâneo como sempre e que não se deixe mudar por qualquer um que apareça no seu caminho.
Desejo mais do que qualquer coisa que seus caminhos sejam cheios de luz e que as mais belas cores estejam presentes em você, que você acerte muito, mas que também erre, para se lembrar de que é humano e está sujeito. Que você saiba do seu valor, que ande com firmeza e que o brilho de fogo no seu olhar não se apague por nada.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

balões festivos


Século XXI, tecnologia, informação excessiva, modernidade em geral, significa a quebra mais do que tardia do tabu sobre sexo na adolescência. Sabendo que cada vez mais jovens descobrem o mundo dos hormônios e sabendo que isso está acontecendo cada dia mais cedo, o governo resolveu implantar máquinas de camisinha nos banheiros das escolas. Apesar de achar que é uma medida de precaução, também acho que é um incentivo. Um amasso debaixo da escada, um calor a mais no corredor escuro e deserto... tudo bem que desde que o mundo é mundo, ou pelo menos desde que existem adolescentes saidinhos se dá um jeito de chegar nos finalmentes. Com a máquina de camisinhas ali do lado, as coisas ficarão mais fáceis e sexo na escola não é uma coisa própria. Sou contra. Se as aulas de educação sexual já são irritantes com aquelas risadinhas imaturas pelos cantos e se sem máquina de camisinhas sempre tem uma ou outra voando pela sala de aula, eu não quero imaginar como vai ser se essa idéia for realmente aderida.



quinta-feira, 3 de julho de 2008

Torpor


Algo diferente surge. Não que seja estranho, nem incomum. É só inesperado, talvez até um pouco indesejado. De repente ele, o vazio, se torna presente. Não é ameaçador, nem perigoso. Eu só posso perceber que é ele quando ele se instalou de vez, quase que sem nenhum aviso. Ele tem dado as caras com alguma frequência. Não, talvez ele nunca tenha ido embora. Talvez tenha apenas tirado umas férias de mim, ou me dado um tempo pra me distrair. Não sei bem como definir o que me faz pensar, ou o que me faz sentir.
Ele é suave, quase como veludo, cinza. Talvez tenha um certo brilho em sua existência. É irritantemente melancólico e me faz sentir da mesma maneira, sentindo que as coisas não se movem, ou que eu esqueci de me mover. Definir-lo sempre vai soar vazio e talvez seja assim porque estou tratando do vazio e somente dele.
Andar pelas ruas, algumas janelas, luzes acendendo e apagando, nada disso adianta. Ver as pessoas andando em todas as direções e imaginar como elas lidam com suas vidas pensando que o meio da multidão é o centro da vida só agrava a situação: nesse ponto o vazio se torna extremamente evidente, porque nenhuma vida é a minha vida, e por mais que as pessoas possam ver meus olhos, nenhuma delas poderia saber o que se passa na minha alma.

sábado, 28 de junho de 2008

sentindo corretamente

Sentimentos são coisas tão nossas e estão enterrados tão profundamente dentro de nós, que só nós, que criamos e acalentamos tal sentimento podemos explicar do que se trata, mas quando tentamos expressar,
sai tudo tão distorcido que nem a gente entende. Aí surge a dúvida: a gente sente o que sente, ou sente o que falou? O que era pra ser simplesmente amor, acaba virando um não-sei-do-que-se-trata-mas-sinto-borboletas-esvoaçando-pelo-meu-estômago.
Assim, ao invés de nos preocuparmos com o sentimento original, aquele que está tatuado no que somos, de um jeito que seria fácil de entender, passamos a nos questionar qual é a maneira mais correta de sentir, passamos em como vamos nos machucar menos, fazemos planos e construimos castelos em solo arenoso e de tanto pensar no jeito certo de sentir, acabamos nos esquecendo que a maneira como nos sentimos fala por si só.

terça-feira, 24 de junho de 2008

mentes simples


Desejo milhares de inventos do futuro. Celular que faça café, chuveiro com água colorida ou mesmo o meu sonho de consumo da infância: a caneta que escreve de acordo com o que eu penso.
Mas quando se trata de futuro, o invento que eu mais tenho esperado é o leitor de mentes. Com ele a minha vida seria consideravelmente mais fácil. Usaria pra saber se a minha calça verde está realmente me favorecendo ou se é mentira da minha prima que na realidade é uma jararaca que quer ver a minha caveira, saberia o quanto a Dona Maria da esquina aumenta a fofoca.
Seria maravilhoso poder ter acesso ilimitado às mais diferentes idéias, invadir a privacidade dos outros. Nenhum segredo estaria realmente bem guardado, bastava só olhar pela câmera indiscreta, como se olhava pelo buraco da fechadura há um tempão atrás sabe?
Daria pra descobrir as surpresas que planejassem me fazer, os presentes que pensassem em me dar, e até os sentimentos mais profundos dos meus amores.
É, olhando por esse ângulo, a vida perderia totalmente a graça, mesmo. Faltariam as surpresas que tanto vivo esperando. Estarei bem daqui há alguns anos sem o meu leitor de mentes e com alguns cabelos brancos, da maneira que deve ser.
Post para o Tudo de Blog da Capricho - que máquina do futuro te faz falta?

terça-feira, 17 de junho de 2008

Etiqueta

Uma das coisas que eu mais admiro nos famosos é a inteligência.
Quero dizer, deve haver um motivo muito inteligente para eles resolverem tatuar o nome ou o rosto de seus amados em partes visíveis do corpo, que nós, reles mortais, desconhecemos.
Deve ser o auge da demonstração afetiva deles, já que falar, desenhar no espelho embaçado do banheiro, escrever em um guardanapo ou mandar uma mensagem no celular pertence a nós, reles mortais.
Pertence a eles usar seus belos corpos como lousinha mágica, desenhando um nome hoje, apagando daqui um mês. Será que toda a vez eles se iludem da mesma forma, acreditando que dessa vez o amor é de verdade, como nós, reles mortais?
Acho que acaba rolando um pouco de pressa da parte deles, para se verem juntos com alguém, para se verem unidos, felizes e realizados, como muitas vezes nós mesmos acabamos fazendo. Aí entra a parte do potencial encefálico dessas pessoas, que decidem que amor se coloca em tatuagem, por ser algo que dure bastante, esquecendo-se que até pra tatuagens já se arrumou um remendo. Esse seria um ato bonito se fosse espontâneo, mas já virou moda e todo o mundo tem.
As vezes é preferível pensar um pouco mais, criar alguma coisa bem simples e continuar vivendo com os nossos presentes e demonstrações amorosas de reles mortais.

Texto para o Site da Capricho.



sexta-feira, 13 de junho de 2008

Mascarada


Eu as uso.
Digo que as uso com frequência.
São coloridas, enfeitadas, brilhantes e cheias de detalhes. Realmente, são lindas e todos os dias eu tenho o poder de criar uma diferente e pintá-la da maneira que eu quiser.
As vezes as enfeito de uma forma tão escandalosa que nem eu mesma acredito que pude e as vezes eu mesma me impressiono como elas enganam.
Tenho usado máscaras, verdade.
Não escondo quem sou e nem uso aquela famosa máscara de coelho, sendo eu raposa. Usar máscaras para fugir de quem se é verdadeiramente é uma das mais grandiosas provas de fraqueza e eu não tenho conhecimento de um dia ter feito isso e não vejo como eu poderia me permitir praticar tamanho absurdo.
Simplesmente tenho o hábito de criar máscaras incrivelmente alegres para passar por cima da tristeza que por vezes sinto, para incentivar o meu bom humor, para colorir o dia de cinzenta garoa.
Um dos maiores motivos pra tal comportamento, é que não gosto que vejam quando não me sinto bem, não quero que me vejam chorando. Puro orgulho .Prefiro que pensem que eu nunca olhei para o espelho e odiei quem eu via, prefiro que pensem que eu estou perfeitamente bem.


domingo, 8 de junho de 2008

Pessoas Especiais.

Na sua infância, você aprende diversas coisas:
Aprende que prender o dedo dói e fazer algo errado também dói. Aprende que carinho é bom, assim como quando sua mãe faz bolo de cenoura quando você está doente.
Com o tempo, sua observação muda, assim como os seus aprendizados. Chega um momento da sua vida onde você começa a notar a presença de pessoas especiais.
Há diversos tipos delas: há aquelas que você vê apenas uma vez, na fila do banco ou numa sala de espera qualquer e que te fazer enxergar um erro que você vinha cometendo há tempos, e que se fosse visto de um outro modo, não seria corrigido.
Outras pessoas sempre estiveram presentes, acompanhando as suas atitudes e muitas vezes te protegendo mesmo sem você perceber. Ao contrário do que se pensa, leva-se muito tempo para reconhecer essas pessoas em vários casos, seja por medo ou por timidez.
Há também as pessoas especiais as quais você cativa, que fazem parte de quem você é. Pessoas que têm profunda importância na sua vida. Seu caráter não seria o mesmo se você não as conhecesse.
E finalmente, há pessoas que te fazem bem.
Que algumas vezes nem são muito presentes, mas você sabe que estarão lá.
Pessoas que te esrtendem a mão, que te dão afeto e que te conquistam de maneira tão simples que você as vezes pensa que conheceu essa pessoa durante a sua vida toda. Criam-se laços fortes e indefiníveis.
As vezes o seu pensamento corre para essa pessoa, e você acaba por se acostumar a ter essa pessoa sempre por perto, mesmo que não convivendo, acaba por aceitar os defeitos e muitas vezes até a simpatizar com alguns.
Você aprende a gostar tanto desse tipo de pessoa que chega até a sentir raiva das proporções que o sentimento ou o pensamento nessa pessoa tomam.
Mesmo assim, sabe que é uma pessoa especial e que perdê-la seria como perder uma parte sua. Sabe, mesmo com raiva, que se essa pessoa um dia for embora, você sentirá muita falta e que será difícil conviver com a ausência.
E então você aprende que essas pessoas que muitas vezes te bagunçam por dentro e te irritam são especiais porque de algum modo, souberam como te fazer bem, mesmo que não façam nada, mesmo que não tenham idéia do bem que fazem. E você acaba aprendendo, cedo ou tarde, a agradecer por essas pessoas estarem debaixo do mesmo céu que você.

sábado, 7 de junho de 2008

meme

Oláá pessoas!!

A Flávia me passou um meme há séculos, e eu acabei deixando pra fazer depois.
Agora não vou mais enrolar, o farei de verdade.

deve-se responder 15 questões, sendo 3 alegrias, 3 medos, 3 objetivos, 3 obsessões atuais/coleções, 3 fatos surpreendentes… Depois, indicar para 3 pessoas.

Alegrias:
- Ter uma família toda torta e desregulada, porém linda
- Ter amigos de loonga data
- Poder sentir o vento no meu rosto, ver o céu azul e ouvir uma música importante pra mim enquanto eu ando pela rua.

Medos:
- Não conseguir atingir os meus objetivos
- Perder o que eu conquistei até agora
- *não sei..*

Objetivos:
- Cursar uma boa faculdade
- Exercer a carreira que escolher
- Constituir família, se possível.

Obsessões:
- música
- gossip girl (ultimamente)
- mexer no cabelo

Fatos surpreendentes:
- Como pão com manteiga e geléia de morango
- Escondo o que sinto com muita frequência, e uso de vários truques.
- Ouço música cafona.

Pessoas pra repassar:

A Negra
Rafaellynha

Beiijos pra quem fica
e amanhã tem post novo *.*

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Dia do quê?

Olha só: Eu não me importo nem um pouco com o Dia dos Namorados.
Não ligo em andar pelas ruas escuras perto de casa e ver as vitrines dos mais variados lugares cheias de corações e flechas do cupido e também não me importo nem um pouco em ouvir as pessoas pensando alto no que dar para seus amores.
Na verdade eu acho in-crí-vel! É o máximo ver todo o mundo se descabelando enquanto eu lixo as minhas unhas pacientemente, sem me preocupar com presentes ou onde vou colocar as flores, porque eu não vou receber.
Pra ser bem sincera, eu até arriscaria dizer que odeio o dia dos namorados.
Quer coisa mais cafona? Quer coisa mais desconfortável e mais coisa de vovó do que ganhar flores, bombons e um cartão fajuto comprado na primeira loja de conveniência que estava aberta? E aqueles ursinhos de pelúcia, então? Nem se fala.
Odeio o dia dos namorados mesmo, porque não tenho idéia de como deve ser passar ele junto com alguém, odeio principalmente porque tenho que assumir uma pose blasè e fingir que nem me importo em me sentir a última solitária do mundo.
Não, solitária não. Eu ainda tenho o meu cobertor e o meu pote de sorvete.
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Post para o Site da Capricho: "eu odeio o dia dos namorados!"

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Limões e inveja

Quantas vezes já recebemos um elogio sobre nossa roupa ou nosso cabelo e torcemos o nariz logo em seguida, nos perguntando se teria sido um comentário carregado de inveja, passando a mão no modelito ou nas madeixas para nos certificar que eles não pegaram fogo?
Acontece que muitas vezes somos egocêntricas a ponto de acreditar que tudo que faremos vai causar inveja nos outros e pegamos a mania feia de colocar a culpa no olho gordo dos outros quando algum plano nosso não sai como deveria ao invés de assumir que falhamos.
As vezes o elogio não foi nada mais que um elogio e nós insistimos em dizer que o comentário foi mal intencionado.
Claro que inveja não é um sentimento bom, mas ela não tem efeito devastador sobre outra pessoa. Não dá pra destruir a vida de alguém com apenas um pensamento.
O único poder que a inveja pode ter é o da auto destruição, isso nos casos mais graves, quando o invejoso deixa de viver sua vida desejando algo que não lhe pertence, esquecendo-se de procurar aquilo que de fato é seu.
Na maioria dos casos, o máximo que a inveja consegue causar é um gosto de limão azedo na boca de quem a sente, e mais tarde, azeda o humor de qualquer invejoso que perceba que sua inveja não tem poder algum.

Post para o Tudo de Blog da Capricho: Inveja boa existe?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Nostálgica

Falar de infância é fácil,
Difícil é ser breve. Difícil é não se perder em várias lembranças que surgem na mente, nas tardes chuvosas com brincadeiras inventadas, comendo pão de queijo e assistindo a algum filminho da Sessão da Tarde.
Pensando assim, diversos dos programinhas que eu costumava assistir foram entrando em extinção, sumindo, ou mesmo sendo prolongados e perdendo a graça.
Sinto falta das minhas divagações, da minha mente extremamente fértil... E pensando em algumas outras coisas que me fazem falta, segue uma lista de coisas que eu sinto muita falta de ver na televisão, que hoje em dia anda bem mais sem graça que na minha época:


Cavalo de Fogo: As aventuras da garota Sara, que descobre que é criada por pais adotivos, e que em outra dimensão era princesa.
O Cavalo de Fogo aparece para Sara devido a um amuleto que ela carrega no pescoço desde que nasceu. O cavalo sempre ia buscar Sara em sua terra, principalmente quando Dar-Shan estava ameaçado pela bruxa Diabolyn e seus capangas atrapalhados.


O Mundo de Beakman: Interessantíssimo. O melhor programa informativo/científico infantil que eu já conheci, e talvez o único. Sempre me pego lembrando de alguma lição que o Beakman me ensinou e nunca me esqueci de quando ele entrou em um nariz gigante pra fazer o trajeto de uma meleca e explicar para que ela servia. Pra segurar as impurezas que nosso nariz suga ao inspirar, claro. Pensa que eu esqueci?!


Punky, a levada da breca: Esse eu acho que ninguém lembra, mas eu amava.
Punky, abandonada pelos pais em um supermercado com seu cachorro Pinky, logo é encontrada pelo fotógrafo Artur Bicudo e é adotada por ele.
A série se baseia nas trapalhadas e encrencas que Punky se mete com sua turma, retratando alguns problemas reais, como na vez em que Punky tenta entrar para o grupo das meninas descoladas e é obrigada a beber um suco bizarro e logo depois quase é forçada a tomar remédios, que seriam drogas. Seriado antigo, mas eu não me conformo que tenha sido extinto. "Traaaaaaalhaaa".




Disney Club:
Que mais tarde tornou-se "Disney Cruj". Contava a história de 4 pré-adolescentes que mantinham uma tv pirata no esconderijo na casa do Juca. O seriado mostrava os problemas que Caju, Chiclé, Malu (mais tarde pipoca) e Macaco passavam ao mesmo tempo que transmitia desenhos como Timão e Pumba. Eu esperava escurecer para voltar pra casa e tomar banho, pra logo em seguida me jogar no sofá e imaginar que o Caju era meu namorado (segreedo :x).
Frango!!! Por que essa época foi passar? Cada vez que penso nas minhas peraltices infantis, mais vejo que por menos que eu queira, estou sendo corrompida pela vida de adulto chato, perdendo a inocência e a espontaneidade de criança.

Cruj, Cruj, Cruj, Tchau!

Post para o Site da Capricho, sessão Tudo de Blog

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Asas abertas

Quero a liberdade.
Quero sentir o vento bagunçar os meus cabelos, quero vê-los apontando para todas as direções e não me sentir nem um pouco preocupada com o fato de eles poderem ficar bagunçados.
Quero ser livre para cantar alto, para brincar como criança, rolar no chão e gargalhar bem alto. Poder pisar descalça na grama úmida, rir debaixo da chuva de verão.
Quero poder dar longos abraços, fazer festa. Quero meu bom humor presente em todas as manhãs cinzentas. Desejo luz, desejo poder saber todas as coisas inúteis, desejo mais.
Quero sentir que a liberdade está em minhas mãos e quero poder mostrar que ela está livre, pois não a estou segurando, estou com as mãos abertas.
Quero poder sentir que ando com as asas abertas e que posso voar sem sair do chão, apenas fechando os olhos e sentindo a brisa fresca bater no meu rosto.

Amo a liberdade e a deixo livre, deixo livre tudo que tenho nas mãos. O que se adapta a mim, o que gosta dos meus meios e princípios, é livre para voltar a hora que quiser, quando lhe der vontade.
Liberdade é se sentir bem enquanto corre, é fazer algo espontaneamente, é sentir com o coração e não ter medo.
Ser livre consiste em diversas coisas, mas principalmente não se ter consciência dessa liberdade, pelo menos no momento em que ela acontece.

sábado, 17 de maio de 2008

oportunismo vs. capacidade


As cotas para negros foram criadas com o intuito de incluir mais negros nas universidades, já que a maioria que têm acesso ao estudo são os brancos.
O que muito me surpreende é que muitos brasileiros insistem em dizer que fazemos parte de um país quase totalmente livre de preconceitos. E as cotas são o que, senão um tipo de preconceito que subestima a capacidade e a inteligência dos negros, mesmo que de uma maneira indireta?
Em questão física ou na maneira de pensar, há muitas divergências. Mas acredito que todos somos iguais, feitos da mesma matéria e por isso, todos têm potencial para atingir os objetivos sem esse tipo de ajuda oportunista e racista, sejam brancos ou negros, ou pardos, orientais, alemães misturados com negros, já que o Brasil é um protótipo de misturas bem sucedidas.
Se a intenção é dar oportunidades a todos, então porque não apóiam aqueles que não têm condições de pagar um curso superior e que por esse motivo acabam impedidos de realizar uma profissão que os agrade?
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Post para o Tudo de Blog da Capricho: "você acha certo as universidades terem cotas para negros?"

terça-feira, 13 de maio de 2008

Casório?!

Quando ele chegava, todos os meus problemas mais difíceis se resolviam, meus olhos brilhavam, eu não tinha mais motivos para ter medo se ele pegasse a minha mão e me levasse para passear pelos campos floridos, me dando a flor mais linda do jardim no fim do passeio.
Naquela época, ia ser fácil para o meu futuro marido me fazer esquecer os meus problemas de menina do mesmo jeito que para mim era fácil ser feliz com o bofe.
Eu estava no auge da minha inocência, e não fazia idéia do significado do casamento.
Um bom tempo passou, eu fui crescendo, aprendi que amores de filme são apenas amores de filme, que são criados apenas para ajudar a iludir a cabecinha de menininhas sonhadoras (como eu, que ainda termino os filmes de romance com um suspiro...).
Hoje eu não sei se caso ou se compro uma bicicleta.
Por que? Por que casamento não é
viver ao lado de uma única pessoa, a pessoa que você ama e a pessoa que você escolhe para ser sua. Se fosse somente isso, o mundo seria um lugar bom de se viver.
Casamento é a soma, quando um vira dois. A confirmação extrema de que
eu virou nós e isso consiste em diversas coisas, como por exemplo a responsabilidade, a paciência e a fidelidade.
Acabou a farra. As festas, a curtição e a vida boêmia em geral ficam para trás. Ou pelo menos tem que ser feitas à dois. O tempo não é amigável e a medida que ele passa, vão surgindo as desavenças, os desentendimento e muitas vezes a indiferença.

Contradizendo todos os pontos negativos citados, e mais, os desafiando: eu gostaria de me casar.
Queria me casar à beira mar, na hora do pôr do sol, com uma saia rodada, branca e dourada, com flores no cabelo. Queria me casar à dois, de noite e que somente as estrelas presenciassem a nossa união. Ou que seja mesmo na igreja, de verdade, isso não me importa muito.
Eu iria aprender a dividir, a pensar ao quadrado, aprenderia a cozinhar, cantaria as minhas músicas favoritas bem alto quando estivesse feliz, iria viajar e nos dias frios faria pipoca e brigadeiro. Eu até poderia largar algumas manias idiotas e aprenderia muitas outras. Iria brigar com o maridão, só para a gente se reconciliar depois, o irritaria e o mataria de cócegas. Aprenderia a amar e respeitar e poderia usar todo o meu estoque de carinho.
Em caso de doença, cuidar com uma sopinha, atenção e chocolates. Os problemas que se cuidem, as contas vão ser pagas. Os momentos de felicidade poderiam superar os de tristeza, e assim por diante.
Gostaria de ter alguém que aguentasse meus chiliques e as minhas neuroses, que me desse a mão e me reconfortasse quando eu tivesse muito medo, que achasse lindo o meu modo de fazer bicos, morder os lábios e arregalar os olhos e que me amasse todas as manhãs, mesmo com os cabelos bagunçados, a cara inchada e aquela camisola comprida.

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Post para o Site da Capricho :)