quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sedução descamisada

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Apesar de adorar as frescuras e vantagens de ser mulher, se eu tivesse a escolha de poder ser homem por um dia, eu com certeza diria sim! Escolheria ser um lindo e pra piorar a situação: Seria extremamente sedutor. Daria rosas vermelhas para senhoritas que andam na rua, teria a postura decidida, o olhar determinado e a fala mansa e grave. Sorriria estrondosamente, distribuindo gentilezas a cada ser do sexo oposto. Senhoras com suas compras, menininhas em apuros, com tempo ainda para deixar muita moça difícil com o pensamento perturbado. Atenção não faltaria à ninguém, nem carinho. Um lorde.
Me vestiria impecavelmente. Nada de chinelões e roupas largas como lonas de circo. Testaria meu poder de persuasão usando a beleza e o charme e claro, testaria a sensação de andar sem camisa por aí.
Seria um homem e tanto. De tirar o sono, inclusive dos homens ao redor, gostaria de fazer todos eles sentirem uma certa confusão na cabeça. Talvez causando uma avalanche de inveja eu finalmente conseguisse fazê-los enxergar o que toda a mulher deseja.

Pauta para a Revista Capricho: “o que você faria se fosse homem por um dia?”

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Encontro

Venha.take_my_hand
Diga que a porta da minha casa é caminho para sua casa, diga que passou por aqui e sentiu saudade dos dias de sol, que estava andando sem rumo e veio parar na minha frente. Não há necessidade de assumir que sentiu falta da minha risada alta e que de repente queria me ver, eu vou fingir que não reparei.
Diga que já está tarde, que não está com muito tempo e que tem mais quinze coisas marcadas para o dia de hoje. Diga que eu não  te importo nem um pouco e que há coisas muito mais importantes no mundo do que eu, mas finja que se esqueceu e fique.
Conte-me sobre a sua vida, outro daqueles casos impossíveis que você sempre arruma, outra daquelas viagens sem explicação, tomando cuidado para esconder alguns detalhes e engrandecendo outros, mas faça-me rir como criança, arregalando os olhos de surpresa a cada frase dita.
Elogie-me como se isso fosse algo incomum, como se eu não estivesse acostumada a receber elogios, faça disso um grande feito por estar partindo de você, lembre-se de coisas que eu farei questão de não me lembrar, mesmo lembrando de cada detalhe, ria dos meus medos porque você mesmo já passou por um batalhão deles e eu não rirei dos seus por mais que tenha vontade, ainda por cima te direi algo reconfortante.
Se quiser, pode até brigar comigo, apontar tudo o que você considera um defeito em mim, diga que eu sou a mesma em cada centímetro de pele só por saber que isso me mata de terror, embale uma discussão infundada sobre algo que eu goste até que eu me irrite e tenha que parar de falar, resignada por alguns segundos, te fazendo parar e voltar atrás de tudo. Feche a cara e reclame como um velho. Diga oitocentas baboseiras, me faça ter raiva, me odeie e me abandone depois, mas agora venha.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Carta a um sentimento


Venho por meio desta informar-lhe que você não faz mais parte de mim. Eu colocaria de uma forma melhor: diria que você não me assombra mais, já que depois de tanto tempo, maiores foram os pesares do que as alegrias.
Espero sinceramente que depois de ter me ocupado por tanto tempo com falsas esperanças e com falsas soluções, você resolva tornar-se um pouco mais digno e não consuma tanto as pessoas que habitar, porque tanto eu como você sabemos muito bem as contas de lágrimas no travesseiro, lamentações, olheiras bem profundas e cara inchada durante longos dias que eu, somente eu passei, já que durante esses momentos de fraqueza, o máximo que você fazia era me deixar mais cansada.
Agora que me libertei de suas artimanhas, tenho certeza de que poderei caminhar com firmeza, admirando o azul com branco acima da minha cabeça, não mais o cinza carregado que fez parte de mim por tanto tempo. Sorrirei sem medo nas fuças de quem eu mais receava zombaria, porque agora eu sei o que me faz forte, agora sei por onde ir e farei questão de demonstrar isso, até para quem não quiser ver.
Ouso dizer, no presente momento, para sua total desgraça, que ando até cogitando me apaixonar novamente, destruindo todas as barreiras e ligas de ferro que você construiu com tanto afinco ao meu redor. E não digo isso a toa ou só para te assustar, digo isso porque vi com algum custo que o medo que você me fez sentir me fazia muito pior.
Serei feliz, não tenha dúvidas disso. Tanto mais porque aprendi que não depende de você, depende inteiramente de mim e do meu destino, e você não faz parte dele. E mesmo que você insista, mesmo que resista e se agarre a mim, não vai conseguir me dominar novamente, pois agora eu sei quem é maior e quem é que manda por aqui.
E não se iluda: não é você.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sangue e água

blood

Dar murro em ponta de faca uma vez, duas, três, vinte vezes.
A mão começa a doer, começa a escorrer sangue pra tudo o que é canto, fluindo braço afora, respingando, espirrando e manchando tudo. Se bate tanto, mas tanto, que uma hora não dá mais. A coragem de esmurrar com gosto vai se perdendo quando é só a gente que se machuca na sentença.
De repente vai parando tudo: Vai parando o rumo, vai parando a coragem de continuar tentando e a curiosidade de ver se algo diferente acontece. Porque caleja, a informação de que vai ser sempre igual acaba chegando ao cérebro, cedo ou tarde.
Engraçado é que quando as circustâncias andam nessa direção, aparece uma chance de mudar tudo, uma daquelas que dá pra saber que é a luz do sol despontando. E aí que a vontade foi tirar um descanso, a coragem bateu em outra porta e só resta a dor na mão e os cortes pulsando e latejando sem parar e por mais que se queira, por mais que se saiba que tem tudo pra ser bom, a gente simplesmente não consegue se mover. Pudera! Foi tudo indo embora e se desfacelando e de desfacelada só resta a mão que não é garantia e nem promessa de coisa nenhuma.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Solta o Sapo!

Caco

Há alguns tempos atrás, quando eu era mais nova e insegura, eu morria de medo de falar as coisas.O vizinho fazia barulho de madrugada e eu quase morria de tanto tremer quando meus pais reclamavam. Dava uma boiada pra não entrar em uma briga e passava o maior nervoso quando eu via que a discussão estava ficando séria. Eu fugia de lavagem de roupa suja como o diabo foge da cruz. Hoje dou uma boiada pra brigar pelo que é meu por direito, pelo que eu acho certo.
Engolir sapo não dá. Não faz bem ter aquele nó na garganta e a sensação de “eu devia ter falado o que eu pensava”. Dormir com peso na consciência por não ter dito ou feito algo, para mim, é uma das piores sensações do mundo, ainda mais quando não tem volta. Por isso eu digo que engolir sapo não compensa em nada. É melhor arrumar um jeitinho de mostrar insatisfação e discordar da situação (ou chutar o pau da barraca quando é possível) do que ficar empurrando as coisas com a barriga e torcendo a cara de fazer algo que não me faz bem.

Pauta para a Revista Capricho: “Vale a pena engolir sapos?”