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Eu sempre disse que Natal sempre teve um cheiro. Não sei definí-lo, mas poderia adivinhar que é Natal, apenas pelo cheiro.
O Natal me lembra da minha infância, saltitante pela casa, esperando o Papai Noel, reclamando com a minha mãe por me dar um pedaço muito pequeno de rabanada, assistindo aos amigos secretos, até ouvir aquele barulhão em um canto oposto do apartamento da minha tia e sair correndo em busca dos meus presentes, sem nem mesmo notar que tinha alguém faltando pelas redondezas.
O tempo passou, eu fui crescendo, e certo dia, deitada no colo da minha irmã, ouvi que Papai Noel não existia, enquanto ela afagava os meus cabelos e me dizia coisas doces e eu sentia as minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto mesmo sem querer. Essa lembrança eu tenho guardada como sendo a de minha primeira desilusão. Claro que eu superei isso, passei a fazer parte dos amigos secretos, sinal de que já estava ficando mocinha.
Me lembro das mesas cheias, rangendo com o peso das travessas cheias, o burburinho e as conversas alegres, os especiais na televisão, nenhum naquela época dedicado as crianças me lembro inclusive das palhaçadas.
Aconteceram algumas perdas, e a população na mesa acabou reduzindo. Tivemos alguns Natais desanimados, mas criamos maneiras de nos animar, provando que nenhuma dor é pra sempre, e incrivelmente acabamos nos unindo. Não tenho recordação de nenhum momento ruim, esses a gente faz questão de bloquear na memória.
Cada ano que passa eu posso notar que tenho aprendido muito, e me orgulho de estar onde estou e de ser quem eu sou. Aproveito a pureza e a paz em que as pessoas se encontram, agradeço pelos momentos bons e a cada ano acabo chorando mais, por todas as lembranças, por coisas que aconteceram ao longo do ano e que eu sei que acabarão marcando a minha vida. Me permito chorar, pois o choro dessa época é um choro de renovação.
E quanto à mesa estar ficando cada vez com menos gente...
Tenho uma ótima intuição de que ela tende a aumentar :D
Desejo a todos um Natal iluminado, e que 2008 possa ser para todos nós um ano maravilhosamente bom.
De uns tempos pra cá, eu tenho visto "atitudes" surgirem com muito mais frequência.
Olhando de primeira, parece uma coisa incrível: todos resolveram agir e mudar o que lhes incomoda. Mas que maraviiilha, minha filha! O mundo vai mudar!
Infelizmente, não é isso que tem acontecido. O que eu tenho visto, na verdade tem me soado muito como uma campanha política ou algo do gênero.
Normalmente, a idéia que ser faz sobre ter atitude, é argumentar e discutir para conseguir algo, fora do alcance momentâneo, é questionar quando o fato é duvidoso, é ver algo errado e tentar mudar, defender as idéias, dar uma chance... Enfim, ter atitude era algo perfeitamente admirável.
Agora, tomar tal achocolatado é ter atitude, olhar de esguelha é ter atitude, usar aquela marca que está em alta então... Nem brincaa! Atitude total!
Atitude anda circulando tanto em propagandas com musiquinhas decoráveis, em outdoors berrantes e em portas de boteco, que o fato de ter atitude não atrai em mais nada.
Alienação tem vindo disfarçada de atitude, e acredito que hoje em dia, pra se ter atitude basta ser inteligente ;)
Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto e indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas pode ser aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua verdade,sua fé
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
pode ser também encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
Letra: O Teatro Mágico
Assim como falar de choro não é chorar, como falar de comida não é comer, pensar em fazer não é fazer.
Falar de amor não é amar, e pronto!
Eu poderia vir aqui e falar por horas de como você se sente quando ama alguém, das borboletas no estômago, a sensação de ter algo gelado escorrendo dentro de si, as mãos suadas e trêmulas, as pernas inexplicavelmente virarem marshmallow, a cara de bobo... Eu poderia descrever cada um desses sentimentos e acontecimentos claramente, como se eu os estivesse sentindo nesse exato momento.
Posso dizer que o amor é fogo, é luz, acende, queima, consome e deixa perdido. O sorriso se abre, a idolatria cega surge e o orgulho some. A magia do amor se assemelha a borboletas beijando suavemente as mais delicadas flores do campo (e eu nunca imaginei que eu pudesse ser tão cafona...). O poder do amor desloca rios, destrói barreiras e tudo é mais lindo.
Qualquer um pode pegar um banquinho, sentar e declamar para o mundo o que é o amor, mas muitas vezes, ninguém põe isso em prática. Palavras bonitas não são nada sem o calor das mãos, e gostar apenas do amor não faz de ninguém um amante notável.
Qualquer um define o amor com precisão, e cada um com suas próprias palavras, e acabam se enganando, pois definições boas não mudam fatos, e nunca serão complexas como qualquer sentimento.
Falar de amor não é falar com amor.
Não há nada como um olhar transparente, a cumplicidade, a amizade e a confiança que surgem de algo simples, tão reconhecidos no amor que é sentido de fato.