
Andar descalça na areia molhada, sentindo o mar me molhar, salpicando gotas salgadas em mim, escrever uma, duas, três cartas, talvez mais.
Gritar de felicidade, quando estiver feliz, ao invés de me limitar a apenas uma risada, correr por aí, por mais que eu ache feio e estranho alguém correndo. Arregalar os olhos de surpresa muitas vezes, perder o fôlego de tanto rir e me preocupar menos ainda com o que vão pensar, porque se eu me preocupar, acabo é não fazendo nada.
Me sentir bem, talvez aprender mais sobre a paz interior que descobri ser tão importante nos últimos tempos e não deixar que a minha energia acabe nunca, sair por aí pulando e sacudindo os cabelos toda a vez que for possível, e rir de mim, mesmo me achando uma completa imbecil, mesmo sabendo que já cometi erros enormes.
Ter consciência de que vivi até aqui e que posso viver muito mais, que tenho muita coisa pra ver, pra sentir e descobrir. Não ter medo, nem quando estiver muito, muito escuro. E nem pensar em entregar os pontos que consegui.
E ser melhor do que sou hoje, ser mais forte, ser mais esforçada, escrever até em guardanapo usado de tanta criatividade. Ligar, ligar muito, sem me importar se vão me ligar ou não. Só me permitir fazer o que eu tiver vontade, e fazer de fato, se estiver com vontade.
Ouvir muito, sorrir muito, dançar que nem a louca espalhafatosa de sempre, me revelar. Não perder a pureza tão corrompida e nem a confusão, porque esses dois detalhes me caíram nas graças e eu carrego uma enorme simpatia por eles, mesmo eles não sendo assim tão bons para quem vê de fora.
Sentir saudade, porque saudade é boa quando não machuca, arriscar muito mais, talvez errar vez ou outra, pra deixar de ser otária, recordar aquele monte de velharias que nem são tão velhas, mas que são preciosas. Não me esquecer (de que?), mas também não me lembrar tanto.
Me contentar, andar e andar, até cansar e cansar muito, porque cansar é melhor que não cansar, movimento é melhor do que estar parada e eu quero muito movimento, não importa pra onde.
Quero acertar e também quero me irritar, brigar se necessário, pelo que é meu, ou pelo que deveria ser, correr atrás da minha felicidade que eu havia esquecido em alguma curva que eu fiz ou alguma esquina que eu virei, não sei bem, mas que eu voltei pra buscar e que agora eu carrego comigo e quero carregar em cada minuto.
Respirar e a cada respiração sentir a vida, me sentir viva e rir até as bochechas doerem, até perder o fôlego, correr, falar rápido, não perder um só segundo e fazer cada um deles valer a pena. Se gostar, gostou, agora eu tô indo e daqui a pouco eu volto.
Vai ser assim, vai ser melhor, eu sei que vai.