quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Dezesseis Gatos


Que eu não seja uma pessoa rancorosa.
É tudo o que eu mais tenho desejado nos últimos dias, apesar de as pessoas estarem cada dia mais dedicando-se a caprichar na tarefa de me aborrecerem, de não respeitarem meu espaço, aperfeiçoando suas técnicas toda vez que eu decido que uma tática antiga não pode me afetar.
Sentir rancor, ao meu ver é pior do que sentir ódio.
Ódio é momentâneo, aquele tremor nas mãos, onde eu não sei se estapeio o mundo ou se me sento em cima delas e me aquieto. É um momento de descontrole onde eu  não consigo esclarecer se a errada sou eu ou se o resto do mundo entortou.
Mas dá e passa em segundos. Acabou e é como se tudo não tivesse passado de uma tortura, um choque daqueles levinhos.
Rancor é outra coisa, é muito mais intenso - mas de um jeito ruim -, um gosto amargo na boca que não sai nem chupando bala, nem escovando os dentes. Vai ficando ali, se fazendo presente cada vez mais e quanto mais você se esforça para não se importar, mais forte fica.
É como se fosse uma sombra que vai crescendo pelas bordas, uma planta daninha que vai crescendo devagarinho e tomando os espaços lentamente.
Rancor vai fazendo isso com a alma, pretejando e dominando aos pouquinhos e eu digo que não quero ser uma pessoa rancorosa porque tenho medo. Tenho medo de esquecer que as pessoas têm defeitos, limitações, gostos e hábitos diferentes dos meus e passar a não aceitar mais as coisas, pensando que o mundo todo gira ao meu redor e que seja feita minha vontade, enxergando tudo negro e sombreado quando se recusam a fazer o que eu quero.
Tenho medo de não ficar mais feliz em olhar para cima e ver os pingos finos da  garoa caindo atrapalhados, de não ficar mais feliz de encontrar moedas nos bolsos das minhas calças e ao invés disso reclamar da minha burrice de deixar as coisas espalhadas. Tenho medo de abandonar a ideia de um cachorro bonzinho e festeiro por dezesseis gatos desconfiados que arranham meu sofá e desfiam a minha cortina, em uma casa que não pode ver luz porque sua dona passou a odiar o sol.
Faço disso meu lembrete, minha oração, um pedaço do meu coração: Que eu não me  esqueça nunca de ver que para tudo há um motivo, que cada pessoa na minha vida me ensina algo e que nem tudo deve ser sempre do jeito que eu quero.

Um comentário:

Vinicius Kmez disse...

Olha você ai xuxu!
http://i348.photobucket.com/albums/q323/LulaPro/Personagens/Eleanor.jpg


to brincando.. relaxa que eu não deixo você ficar rancorosa não!