terça-feira, 28 de outubro de 2008

Doce acalanto


Sente-se sozinha agora?
Não minta para mim, criança, eu sei que está sentindo-se péssima, sei que se sente mais reduzida ainda quando se põe a procurar alguém e não acha.
Eu te digo agora: não te quero mal, e estarei com você, meu doce. Porém preciso lhe fazer forte, quero teus olhos brilhantes de novo.
Informo-lhe que não é tua culpa. Também não dos que escolheste para serem próximos e no final das contas te deixarem. É culpa da vida, que prega-te peças bem arquitetadas, que testa a tua vontade de progresso.
Se estás só agora, anjo, não estarás mais daqui a pouco e tua solidão agoniante cairá no esquecimento, só voltando quando todos se forem novamente, porque irão.
Não teime comigo, insisto que não é sua culpa. És deste jeito, e para todos deixa claro, desde as primeiras palavras que dás, desde os primeiros olhares.
Não é falta de carinho, de atenção ou de te importar com os outros, sei bem que tudo isso te importa. É falta de costume. De reciprocidade também.
Fique onde está, criança. Teus passos serão guiados, assim como as tuas idéias e o teu sorriso, basta permanecer confiante. Mantenha teus sonhos embalados em nuvens brancas e não te jogues ao abandono, que tua estrela há de brilhar cada dia mais.

sábado, 25 de outubro de 2008

Estática




Outro dia perdido, outro dia que se passou e eu
estou aqui.
A cidade se move,
as coisas passam diante dos meus olhos, em constante mudança
enquanto eu sinto que assisto tudo
como mera espectadora, uma triste participante disso tudo
que as vezes sequer lembra seu nome.

domingo, 19 de outubro de 2008

Ao Vento

Cumprir promessas nunca foi o meu forte, ainda mais quando elas são feitas a mim mesma. Não é por mal, sou distraída e acabo esquecendo-as. Também não sou muito supersticiosa, não vejo mal em gatinhos pretos e já perdi as contas de quantas vezes passei por debaixo de escadas.
Sendo assim, o mais aceitável seria que eu abominasse as resoluções de ano novo, mas como eu sou uma pessoa contraditória, esse é um dos únicos costumes que mantenho fixo.
Apesar de todos os anos eu jurar que não vou mais manter o hábito de escrever os meus desejos em um papel que eu sei que vai acabar esquecido em um canto, acabo me contradizendo e sempre me pego escrevendo o que gostaria de realizar.
É uma bobeira que venho trazendo comigo há alguns anos, com algumas mudanças pequenas: ano passado, guardei na carteira e no ano anterior joguei meus desejos no mar, como há tempos desejava. Não adiantou muito e eu continuo esquecendo de cumprir muitas promessas.
Até o presente momento, não estava muito confiante de minhas metas, mas essa energia de fim de ano começa a surgir e o desejo de ver as coisas mudando é maior do que eu. Então, já me decidi: Esse ano, jogarei as minhas promessas ao vento.

Pauta para o Tudo de Blog, da Capricho: "Promessa de fim de ano cola?"

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

perdoar e... esquecer?

Desde pequena, aprendi que perdoar aquele meu coleguinha que jogou minha boneca pelo muro era muito importante, pois fazia de mim uma pessoa boa. Perdoei quem ficou com as minhas coisas, perdoei quem me magoou profundamente com palavras. Me fazia bem, eu esquecia superficialmente da mágoa e ficava num estado próximo à paz.
Apenas próximo, porque após algum tempo, eu pude notar que apesar de perdoar todos os que haviam me prejudicado de alguma forma, eu nunca pude esquecer de fato os episódios ocorridos. Aquela boneca linda voando por cima do muro e caindo no limbo foi um trauma de infância, assim como os "apelidos carinhosos" que me deram no colégio.
Aquela regra de "perdoar e esquecer" é grande demais para mim. Perdoar, eu perdoo. Mas como tudo tem um limite, chegar a esquecer tudo o que me fizeram e tudo o que me foi dito e feito, só se eu fosse uma idiota de marca maior, pois foram esses traumas de infância e esses erros não esquecidos que fizeram de mim o que eu sou hoje.

Pauta para o Tudo de Blog da Capricho "perdão tem limite?"

domingo, 5 de outubro de 2008

Comilança

Chego em casa e como. Mal saio de casa e sinto fome.
Copo de refrigerante, restos de pizza, pratos com migalhas de pão e farelos de biscoito fazem parte da realidade da minha mesa do computador. Indícios de que como sem parar, já que quando estou em casa, passo a maior parte do tempo na frente do computador.
Vivo comendo, como porque estou triste, como (demais) na TPM, mas como principalmente porque sinto fome.
Sou magra e não gosto muito de alguns dos meus ossinhos aparentes, por isso passei a comer um pouco mais em uma época da minha vida. Não funcionou. Passei a comer só nos devidos horários, o que também não funcionou, porque eu sentia fome durante os intervalos e acabava comendo. Como me encher de comida não deu certo, eu desisti.
Passei a comer na hora que me desse vontade, mesmo que significasse comer depois do almoço, ou que eu tivesse que levantar as duas da manhã porque meu estômago estava roncando.
Encontrei minha "satisfação alimentar" desse modo, sem muitas regras, sem rotina, comendo o que tenho vontade sem me preocupar com a quantidade de calorias que estou ingerindo. Com isso, passei a me aceitar da forma que sou, com os meus ossos aparentes, com a minha magreza de ruim que eu sou, com o fato de ter menos curvas do que gostaria.
Vou engordar quando tiver que engordar, e enquanto isso, estarei vivendo numa boa, feliz com o meu peso e com as minhas manias.


Pauta para a sessão Tudo de Blog da Capricho: "Calorias."