Passando boa parte do tempo tentando ser uma pessoa boa, tentando fazer o máximo de pessoas sorrir.
Acreditando que se fosse assim, eu teria paz na minha vida.
Claro! Foi isso que eu aprendi, era isso que os livros de contos de fadas diziam, poxa! Não tinha nada que fosse mais preciso do que uma história que acabava com "e eles viveram felizes para sempre".
A bruxa gorda e feia que nem o capeta sempre tentava arruinar a vida dos protagonistas de olhos azuis, pele branca e lisa e corpos perfeitos. Ela tentava, as vezes obtia êxito, mas o bem sempre triunfava o mal, e da bruxa restava somente o pó, a história pra contar... Quando muito uma marca de fogo em uma parede.
Mas aí, depois de algum tempo, talvez até um pouco tarde demais, eu aprendi que o "viver feliz pra sempre" não existe, porque como disse uma sábia cantora, o pra sempre sempre acaba.
E talvez o "ser feliz" também seja uma coisa somente de contos de fadas.
Quando é que pode se ouvir que uma pessoa é feliz de fato? Quando ela tem sucesso no que faz, diriam uns.
Quando essa pessoa namora, diriam outros.
Felicidade também é incerta. E eu acredito que também ela não seja durável. Pois não, ela é um sentimento, e sentimentos são incertos. Muito incertos.
Depois dessa viagem de pensamentos, cheguei a conclusão de que eu sempre fui uma pessoa boa.
Nãão que eu nunca tivesse errado, e que nunca tivesse feito mal pra ninguém, porque eu sou humana, e erros humanos são frequentes e isso é fato.
O que eu quero dizer é que eu sempre tive paciência com os outros, que sempre os tratei bem, mesmo quando estava me sentindo mal, afinal, ninguém era culpado pela minha vida não estar correndo no caminho certo.
Sempre ouvi as pessoas e seus problemas, e frequentemente era procurada pra dar conselhos.
Gosto de fazer isso, é instinto.
Sempre aceitei os erros e os defeitos de todos, afinal eu também os tenho.
Cheguei a perdoar mancadas, talvez por amor mesmo. Cheguei a pedir desculpas quando eu estava certa.
E a minha consciência, talvez o lado obscuro dela, só conseguia me perguntar "e o que foi que você ganhou sendo assim?".
Eu ri ao me perguntar isso, porque eu nunca havia ganhado nada.
Nenhum Nobel da paz, nem uma medalha de honra ao mérito sequer.
Se quer saber, eu não cheguei nem a ganhar um desconto de cinquenta centavos na padaria.
Antes de virar uma revoltada com a vida e sair pela rua amarrando latinhas em rabo de gato pra compensar todo o mal que eu não fiz, eu resolvi agir com a razão.
Eu via cenas da minha vida, coisas que eu não fiz porque eu fiquei com medo de ferir pessoas e até mesmo com receio de fazer e as pessoas ficarem pensando errado sobre a minha conduta.
Perdi diversas oportunidades com esses pensamentos e eu ouso dizer que eu poderia ter uma outra vida totalmente diferente da que eu tenho hoje devido a isso.
Como chorar sobre o leite derramado não o faz voltar pra garrafa, eu resolvi que não ia mais ser como era.
E como eu já disse, não vou tentar sair compensando o mal que eu não fiz, pois não espero ser uma pessoa má.
Eu apenas farei as coisas do modo que eu penso que elas devem ser.
Não perderei mais oportunidades com medo de ferir pessoas que as vezes eu nem conheço.
Agirei por mim.
Já tive o aviso de que agindo assim, arrependimentos maiores poderão surgir.
Não interessa.
Assim eu descubro se o inferno existe de fato.
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Há 2 meses
Um comentário:
Muito bom mesmo!!!
Bom,eu so suspeito pra fala dos seus textos...provavelmente vou achar todos eles muito bons...XD
Mas não é à toa,você é muito boa mesmo...escreve como ninguém!!!
Essa reflexão sobre o bem e o mal,ser bom e ser ruim está no nosso cotidiano e é extremamente relativo,já que o bom pra gente é o ruim para outros.
Acho que todos sofrem com essa questão de conto de fadas,tanto as garotas esperando seus príncipes encatados como os garotos tentando ser o príncipe encantado e procurar o seu final feliz...concordo com você,não existe final feliz mas a felicidade minha cara...essa existe e está presente sempre em nossa vida,em vários momentos e de várias formas...
Beijão....te adoro^^
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