quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sobre histórias e amor

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Em um lugar longínquo, desses dos contos de fadas, onde a grama era verdinha e as borboletas passeavam alegremente pelas flores sempre abertas, havia uma menina jovem e inexperiente nos assuntos profundos da vida. Era bela, com cabelos longos e com o rosto que demonstrava claramente sua inocência e pureza. O tempo passou, essa dita menina cresceu e aprendeu a observar as pessoas ao seu redor, como agiam e como tratavam dos mais diversos assuntos.

Conheceu os mais diversos aspectos e sobre eles ia escrevendo nas suas próprias palavras o que ela conseguia perceber das situações. De algumas delas também fez parte, porque ela era viva e estava naquele meio, mas apenas um assunto a encantou e intrigou mais: o amor.
Todos diziam que era algo lindo, mas tudo o que ela sempre via eram cartas com palavras doces sendo queimadas e suas cinzas lançadas ao vento, rostos contorcidos e molhados de lágrimas, o princípio de um futuro que acabava nem saindo do reino dos sonhos, imaginado por mentes cegamente apaixonadas. Flores e mais flores despedaçadas e murchando ao chão depois de um bem-me-quer-mal-me-quer cheio de dúvidas.
Então, certo dia, a menina estava sentada na orla da floresta, quando viu seu pai, um modesto lenhador, chorando ajoelhado com seu machado jogado de qualquer jeito para um lado. Viu também sua mãe correndo com o avental na frente do rosto e entendeu então, sem saber explicar como, que o coração de ambos havia sido partido. Assistiu os dois tentarem emendar os corações e todas as tentativas darem errado. Foi então que aquela bela garota prometeu a si mesma que nunca mais escreveria novamente sobre o amor.
E assim continuou observando e escrevendo, mas sobre outros assuntos.As vezes até mesmo se apaixonou, mas nunca conseguiu amar de verdade, mantendo uma distância confortável dos assuntos afetivos, acreditando por vezes que iria acabar vivendo a sua vida toda só e que iria procurar outras coisas que a distraíssem, quem sabe cozinhar ou viajar pelo mundo… Depois de um tempo a ideia não lhe parecia assim tão inconcebível, então ela conformou-se de que estaria contente tendo a solidão como companhia.
Então o tempo passou, e em um dia igual a todos os outros, ela olhou para o horizonte e viu alguém se aproximando. Estava contra o sol, portanto a forma estava difusa, mas caminhava em sua direção, lentamente, deixando-a em uma ansiedade incomum. Quando chegou perto, ela pode ver: um garoto com mais ou menos a idade dela, um rosto gentil que quase chegava a brilhar e olhos tão verdes e verdadeiros que naquele momento, sem que ele dissesse nada ela soube que aquele cavalheiro seria a exceção à promessa de nunca mais escrever sobre o amor.
O final dessa história ainda não pode ser revelado, pois ao que se sabe, a garota anda descobrindo uma novidade por dia ao lado daquele que se revelou seu amor verdadeiro e tranquilo, sem nenhuma cinza de carta, nem de pétalas espalhadas pelo chão e suas anotações sobre o amor todos os dias têm que ser atualizadas, sem ter assim um final previsto.