domingo, 25 de janeiro de 2009

Fome

Certa vez me disseram algo que me surpreendeu demais. Na hora, eu me revoltei e disse o contrário, querendo qlovehurtsue aquilo fosse uma besteira das maiores e que nunca mais fosse pronunciado. Não percebi a complexidade da frase e nem tampouco a veracidade dela, Foi há algum tempo e os meus sonhos brilhosos com príncipes em cavalos imponentes ainda eram frequentes e eles foram violados cruelmente. A tal frase que me foi dita: “Amor não enche barriga”. Assusta, faz os olhos arregalarem de medo e faz querer tampar os ouvidos e cantarolar uma música num ato infantil, mas é verdade. Depois dos olhares de ódio e de toda a revolta passada, eu me dei conta de que não são palavras jogadas ao léo.

Quero dizer, amor é lindo, é mágico e faz bem para todas as células do corpo, exercita o cérebro e libera endorfinas e toda aqueles termos científicos que dizem por aí e que eu não faço idéia do que sejam, embora saiba que faz bem. Mas não se vive só de amor, amor é bom, mas não é tudo. Não alimenta, não é oxigênio, não é a vida propriamente dita. Se eu fugir com o amor da minha vida nesse exato momento, em busca da minha felicidade e visando viver uma história intensa e duradoura. Apesar de lindo, romântico e digno de filme, é… impossível. Eu vou viver do que? Capim e brisa? Não dá. Amor é bom, mas por ser sentimento, carrega diversos outros sentidos e razões. Carrega o nome pesado da responsabilidade, da obrigação e da consciência, além do respeito e do compromisso. Envolve diversas complicações e muitos obstáculos, além de que não paga as contas, não compra a casa. A lista é muito mais vasta e muito mais complexa. Amor não enche barriga, não tira a sede, infeliz e literalmente. Amor é sentimento. Tem força, tem beleza e é extremamente complicado e indefinível. Por ser sentimento, deve ser mantido em seu devido lugar, priorizando algumas coisas e sendo priorizado por outras.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Mundo Encantado

Fake

Pra que fingir? É o que eu pergunto.

Ok, irei com calma. Ser fake não me parece muito certo. Ainda levo na esportiva quando é uma coisa saudável e quando quem usa tem um bom senso do ridículo e sabe onde ficam os limites entre o real e o imaginário. Mas se a coisa passa dos limites, é imperdoável: a pessoa esquece de quem é, de descobrir a mágica que há em seu interior e vive somente por seu personagem, perdendo toda a sua identidade.Pior, esquecendo que tem uma personalidade a ser conhecida dentro de si, uma personalidade a ser lapidada e descoberta de todas as formas possíveis.

Segurança com a personagem criada pode até existir, no momento em que se está conectado ao mundo da fantasia. Mas assim que se faz o log out desse mundo encantado, a segurança toda se vai, dando lugar a uma pessoa cheia de complexos, que não sabe se relacionar com ninguém com a cara nua, de peito aberto e aceitando quem é de verdade, com todos os seus reais defeitos. Ser fake faz mal, limita uma pessoa e é a prova de que essa pessoa não se aceita da forma que é, salvo raras exceções.


Pauta para a Capricho "Até onde é legal ter um fake?"

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Suave

Por um longo tempo na minha vida, eu não acreditei no peaceque era a paz. Para mim, paz era a mistura de nada com coisa nenhuma, sem graça que só ela. Passei incontáveis anos-novos fugindo de usar branco. Paz eu não queria de jeito nenhum.

Queria correr, ver tudo, estar em três lugares ao mesmo tempo. Queria amor, alegria, sorte, paixão… Não paz. Eu queria estar inquieta, terminar logo o que eu comecei. Queria movimento, resolução imediata, loucura, sofrimento integral. Nem me lembrava mais do branco.

Aí de repente, a cortina balançou, o vento quente entrou pela janela, o cheiro de tarde preguiçosa, a música tranquila a tocar e eu notei que mesmo com a minha teimosia, ela estava ali. Olhei para o céu azul, deixei um sorriso brincar no rosto sem motivo algum e senti o nada momentâneo na mente. Como eu pude renunciar àquilo? Por dois segundos me repudiei, por três, tive raiva e nos próximos setecentos segundos tudo o que eu queria era sentir era o branco voltando a fazer parte de mim. A partir daquela brisa, pude voltar a me sentir tranquila.

É, eu estava em paz. Eu estou em paz

domingo, 11 de janeiro de 2009

Bem Resolvidas?

Garotasbitch_inside vulgares existem aos montes, espalhadas pelos cantos não tão sombrios das cidades. A vulgaridade não está exatamente no modo de vestir ou de falar: é o conjunto de um todo, e se encontra principalmente no modo como essas garotas se comportam.

Com saltos mega altos, e mais pele aparecendo do que escondida, essas moçoilas ficam muito mais evidentes, mas nem sempre essa façanha é necessária, porque as vezes elas aparecem com a famosa “capa de santa”.

Meninas de família, bem comportadas, dizem que querem casar e ter um casal de crianças, serão as verdadeiras Amélias da vida. Mas a coisa muda quando elas se vêem livres da família que sempre tratam como a prioridade maior de suas vidas.

Fumam e bebem quase como homens, e agem sem nenhum pudor. Saem com quinze homens em uma semana, se vendem por uma lata de cerveja e agem como se isso fosse sinal de que são bem resolvidas, o símbolo da feminilidade moderna. Pobres meninas, não percebem que a única coisa que conseguem com isso é a desvalorização, por serem símbolo de vulgaridade.


Pauta para a revista Capricho: Quando o sensual vira vulgar?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Verões Dourados


O termo "férias de verão", para mim, sempre vem seguido de um suspiro.
Meus verões sempre foram dourados e é difícil dizer qual deles foi o melhor, porque quando tento pensar em algum mais bonito, o dourado de todos eles me ofusca de uma forma absurda.
De tantas cores e sabores de verão, eu escolho os tempos de criança, onde tudo é sempre mais fácil, quando a preocupação era com os queimados do dia. Escolho os tantos sabores de sorvete que tive oportunidade de experimentar com o sol escaldante, as roupas leves e a despreocupação que eu tinha na pele de moleca que sempre fui. Incômodos de areia pelo corpo, que sempre me foram um carma da praia, o mar salgado onde eu me tornava um peixinho, o cheiro da maresia.
Os melhores verões sem dúvida foram aqueles que passei sem me preocupar, sem me lembrar de nada, porque ainda não havia nada para ser lembrado, ou os que eu alugava o meu avôzinho para brincar comigo...
Pensando bem, é injusto eleger um só, verões serão verões até a eternidade e toda a mágica que eles carregam (porque verões são mágicos, é fato) também.
Aos verões dourados, e à todas as lembranças que ficaram gravadas em nós, sem desprezar de jeito nenhum todas as que virão.

Pauta para o site da Capricho : "as melhores férias"

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Chuvoso


Recostou-se a parte interna da janela, o vento que entrava pelo vidro semi aberto só confirmava as suas previsões naturais. Sentira o cheiro dela mais cedo, nunca errava. Quando viu o vento mudando de curso, tomou seu lugar.
Fazia isso sempre, estivesse bem ou mal, ela estava sempre ali presente, debaixo daquela cortina de nuvens baixas. Aprendeu a achar aquilo bonito, mesmo aquelas nuvens sendo acinzentadas, mesmo que cobrissem o céu azul.
Acomodou-se, depois de vestir a blusa fina. O vento não era gelado mas sentiu-se estremecer mesmo assim, pois sentia aquele vazio dentro de si novamente. Foi ficando tudo mais escuro e seus pensamentos a levavam por lugares escuros também, pensando o que ela seria, pensando o que ela realmente queria. Isso, ela nunca sabia e era o seu principal motivo de preocupação. Suas vontades eram imediatas, e se pudessem ser realizadas, bem. Se não pudessem, ela logo tinha uma outra intenção guardada e não esperava. Seguia seu caminho rápido demais, e qualquer ameaça de prisão, fossem paredes, redes ou grades fazia com que ela se remexesse inquieta.
Silenciou sua mente, a qualquer momento agora.
Não errou, de repente as gotas começaram a cair, manchando o chão, deixando-o mais escuro. O chão cheio de bolinhas a fez dar um meio sorriso, mas não durou muito. Rapidamente o chão estava completamente molhado.
Observava os respingos na parede mais próxima. Cada pingo que caía a fazia melhor, as cordas de seu coração de repente afrouxando-se. Não se cansava de assistir àquilo. Era uma obra mágica, para ela, mais bem feita do que qualquer outra mais complexa.
Enquanto girava os olhos para a árvore verde rejubilando-se com a água fresca, pensou mais uma vez em seus medos, por onde andaria. Seria sozinha, ela sabia. Por alguns segundos, desejou ser como os tantos outros que carregavam a sua necessidade de companhia. Ela tinha, verdade, mas era outra coisa na sua lista de vontades passageiras. Assim que se sentia saciada de companhia, desembaraçava-se suavemente e seguia. Dois pés, apenas um par de pegadas. Só.
O cheiro agora era carregado pelo vento que entrava pela fresta da janela. Chegou até ela suavemente. Aquele cheiro único, exclusivo. Podia jurar que aquele cheiro se fundia a ela de uma forma que era difícil de separar. O cheiro leve, inconfundível de chuva. Deixava-a tonta e ela não podia pensar em nada mais quando aquele cheiro invadia suas narinas.
A porta aberta. A cortina balançava enquanto o vento carregava parte da chuva para dentro do aposento agora vazio.
Era uma pena que ninguém a pudesse ver naquele momento, como uma criança, pulando de poça em poça enquanto ela mesma tornava-se uma poça. Estava encharcada e seu cabelo molhado a acompanhava desgovernado. Depois que parou e sentiu as gotas de chuva em sua pele num carinho violento, sentiu se reconfortada. Poderia ser sozinha, mas ela sempre teria um carinho inteiramente reservado a ela.